quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Motivo.

.
Meses atrás eu te disse que queria ter coragem de segurar o teu queixo bem perto da minha cara e te falar verdades enquanto você ficaria progressivamente bêbado com o meu hálito. Não te disse nada, deixei passar. Você sumiu e nunca ouviu nenhuma das verdades que eu tinha pra te dizer, mas eu fiz pior. Enquanto você ia sumindo, eu fui achando outras pessoas. Fui indo a diferentes bares e olhando em volta pensando que dessa vez era hora de começar a analisar as opções. Uma merda esse texto de recém-solteiro, não? Mas foi o que fiz. Comecei a usar calcinhas novas e provocantes sempre que saía, comecei a usar todas as toneladas de maquiagem que você não gostava que eu usasse enquanto estávamos juntos, comecei a usar salto alto porque agora não tinha que me preocupar com a sua altura. Talvez tivesse sido melhor dizer logo que eu começava a te achar um cara dos mais insuportáveis e que não estava a fim de te ver, mesmo. Daí esse cara novo veio com um pau que não era o seu, com um carro que não era o seu, com umas manias que não eram as suas, com uns perfumes baratos que nunca chegaram perto de ser aquela sua ausência deliciosa de perfumes. Achei um barato. Trepávamos feito loucos, o tempo todo. Ele não era assim tão bom de cama. Tinha umas travas chatas, umas preocupações infantis que não cabiam no meu mundo já há bons anos. Tinha um pau torto pra esquerda do qual eu não gostava, tinha um peito liso de doer os olhos e uma voz mansa mansa, sono. Mas trepávamos mesmo assim, porque você sabe que eu nunca fui do tipo que acredita em magia de primeira transa, eu tinha paciência o suficiente pra tentar até ficar bom. Mas nunca ficava. Três meses de sexo quase que diário e eu não gozava, não gostava, não queria mais. Foi o fim. Pensei que eu devesse experimentar todos os paus do mundo e todas as manias sexuas ridículas antes de te pedir pra voltar, mas deu preguiça. Deu preguiça de sair pelo mundo procurando macho enquanto eu sei que com você meus mamilos são eternamente duros e que teu pau nunca deixa de reagir quando minha mão o encontra. Aí aquelas verdades todas foram por água a baixo. Te chamei pra esse jantar, vou me oferecer pra pagar a conta, vou te chamar pra subir as escadas e vou esfregar minha bunda em você enquanto estivermos no elevador. Se você quiser, claro. Quer? Não importa. Só quero que você testemunhe o meu fracasso, a minha incapacidade de viver sem os teus fluidos, sem o teu jeito animal. Te chamei pra me render, pra dizer que tô disponível e te esperando e que não importa o quão insuportável e cansativo você seja de vez em quando, trepar com você sempre me faz esquecer. E eu preciso tanto esquecer. Preciso ser domada. Meus vibradores e minhas mulheres e meus dedos e minhas bebidas e os cacetes que a minha carteira pode comprar não fazem isso por mim. Ninguém me cala, ninguém me faz bater a mão na cara, desesperada, como você fez tantas vezes. Ninguém tem esse teu pau estranho que encaixa daquele jeito delicioso lá no fundo da minha garganta. Mentira, alguém deve ter... alguém lá na Finlândia ou um esquimó bem branquinho, mas eu quero agora. Quero hoje, se possível em cima dessa mesa e do lado da comida que a gente ainda nem pediu. Quer comer? Eu tô sem fome. Tá tudo bem claro pra você? Espero que seu ego esteja bastante contente e espero que você me recompense antes de irmos pra casa. Eu posso não merecer, mas você seria o maior dos ingratos se me negasse sexo.

Mina Vieira.

0 comentários:

Postar um comentário

Seguidores

Quem sou eu

Minha foto
Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil