segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Penso em coisas bobas.

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Quando você veio, eu precisava de alguém. E saiba que eu não sou do tipo que sai por aí procurando alguéns ou que morre de medo de estar sozinha. Eu sempre fui muito feliz sozinha, eu me amo pra caralho e me acho uma companhia fantástica, mas naqueles meses eu precisava desesperadamente de alguém. Precisava ser cuidada, precisava que me botassem no colo e que me permitissem uma pausa daquela vida que eu andava levando. Uma pausa de ser insensível e exclusivamente sexual negando qualquer vontade de afeto. Era urgente, era um excesso incompreensível de coisas ruins precisando ser curadas. E agora parece tudo pura carência, mas não era não. Estava no pico e dali eu só podia ir pra baixo em velocidade meteórica. Aí você veio. Que coisa bonita você vindo naquele cavalo branco com o seu cabelão preso e esses seus óculos. Guardo lembranças lindas e inexplicáveis do dia em que você chegou, lembranças que nem eu sei direito que existem e que às vezes são ativadas quando ouço alguma música ou sinto algum cheiro. Tinha urgência de você e agradeço o tempo todo por você ter atendido os meus chamados. E você veio na medida. Você veio me compreendendo como eu precisava ser compreendida, você veio ouvindo todas as milhares de coisas que eu tinha pra falar, veio dividindo todas as sensações e veio explorando meu corpo e todos os meus sentidos de uma forma que eu não sabia ser possível explorar. Você colocava essa sua mão no meu pescoço e eu tremia como uma adolescente virgem e assustada, você mexia esses seus dedos desajeitadamente nos meus cabelos - como faz até hoje - e eu me perdia no prazer que isso me proporcionava. Você tentava tirar minha calcinha com uma fúria e ao mesmo tempo uma doçura que me confundiam. Você me levava pra lugares, me apresentava universos... Depois de uns dias eu pensei que estivesse salva. Estava feliz e curada e amando. Amando. Amando amando amando. Não estava curada. Notei que tinha contraído uma doença maior ainda. Tive um momento enorme de dúvida no qual não sabia se buscava tratamento ou se deixava aquele tumor se desenvolver até me tomar por inteiro e me matar de um jeito bem lento, doloroso e feio. Segunda opção, claro. Não se podia esperar outra escolha. Você tem ficado do meu lado, tem sido meu cúmplice e meu parceiro de crime. Tem me dado as maiores alegrias, os momentos mais bonitos, loucos e irresponsáveis. Eu deveria estar crescendo com você. Não sei se estou. Estou aprendendo, certamente, mas você não me obriga a deixar de ser criança. Você só ri e é tão bom te ver rindo... mesmo quando eu sou o motivo, sim. Mesmo quando eu caio, corro estranho, me bato se querer. Tudo é válido se em troca você estiver gargalhando ou pelo menos sorrindo. Você entende meus sonos, apesar de não respeitar. Entende meus anseios, os ódios momentâneos e tão raros que eu sinto pelo mundo ser a merda que é, entende meus hábitos e minhas frescuras, entende minhas esperanças. Você é meu caminho. Você me beija molhado e fundo e faz aqueles movimentos todos com a língua e eu tenho certeza de estar exatamente onde deveria. Eu sei que é em você que eu devo caminhar até achar minha coisa. Eu ainda sinto arrepios e frios e vontades de te apertar e te abraçar mais do que os meus braços são capazes. Você me dá uma vontade insana de viver, de ser grande, de fazergrandes coisas, de ganhar o mundo e iluminar tudo com esse sentimento tão bom. Você é a personificação de todas as minhas vontades escapistas, de todas as minhas fantasias de fuga e eu não quero disfarçar essa sede e essa plenitude que é ser sua, total e completamente sua. Quero você me umedecendo por dentro e por fora quando a vida ficar seca, me adoçando, me refrescando quando o calor for demais e me cobrindo quando meus pés estiverem gelados. Quero você me decifrando o tempo todo e pra sempre como me decifra agora, entendendo todos os meus desejos e os realizando antes mesmo que eu me dê conta de que eles existem. Quero você conversando comigo durante o sexo e me deixando envergonhada e me fotografando e me expondo e me emprestando sua mão pra eu apertar quando o tesão não couber mais em mim. Preciso dessa emoção que é te amar desse jeito que me faz escrever tantas linhas e quero essa emoção de estar com alguém que não tem medo de sexo e que o entende da forma como deve ser entendido. Se existe algum pedaço seu que eu ainda não é meu, me dê agora ou eu vou aí roubar. Com arma na cabeça, gritaria e tudo, mas eu pego cada pedacinho.

Mina Vieira.
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